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18 de Abril de 2024

Hepatite C: novo tratamento fornecido pelo SUS cura 90% dos casos

Publicado por Rosaury Muniz
há 9 anos

Vírus da hepatite C é silencioso e destrói o fígado aos poucos. Medicamento, com poucos efeitos colaterais, já é considerado por médicos como uma quebra de paradigma no tratamento da doença; entenda o porquê

Esta terça-feira (28) pode ser considerada um marco para a saúde pública brasileira no tratamento da Hepatite C, um vírus que se aloja no fígado e o destrói lentamente, levando à cirrose hepática e, na maioria dos casos, ao transplante de fígado.

Na data que se comemora o Dia Mundial da Luta contra Hepatites Virais, o inovador medicamento, que cura, em média, de 90% a 95% dos casos de hepatite C, será fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para pacientes com doença avançada no fígado.

O esquema de tratamento é composto por diversas substâncias ativas dentro de apenas um comprimido, tomado uma vez ao dia, por um período que varia de 12 a 24 semanas, dependendo do estágio da doença.

A elegibilidade para o novo tratamento será feita de acordo com um protocolo de tratamento no SUS. Segundo o hepatologista da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Raymundo Paraná, o Brasil é o primeiro da América Latina a oferecer o tratamento gratuitamente.

“O País fará priorização de pacientes, não serão todos que terão acesso”, adianta ele.

“Cirróticos e pacientes com evolução para a cirrose terão prioridade. A única exceção é para pacientes com HIV, que terão acesso amplo ao tratamento”.

A expectativa sobre o novo tipo de tratamento tem fundamento em pesquisas, que mostraram a capacidade do medicamento de oferecer até 100% de cura. Além disso, os poucos efeitos colaterais são bem tolerados pelos pacientes, o que não acontecia com as terapias antigas.

“Foi uma mudança completa de paradigmas no tratamento da hepatite C. Saímos de um esquema que já tinha avançado muito – mas que ainda era baseado em interferon e ribavirina – para outro tratamento oral, com tolerância excepcional e eficácia superior”, diz Paraná.

“Dependendo do estágio da doença e do genótipo da pessoa, a resposta pode variar entre 80% e 100%”.

A hepatologista do Hospital 9 de Julho, Marta Deguti diz que, além das altas taxas de cura, a grande vantagem é a possibilidade de fazer o tratamento somente por via oral, sem injeções semanais, como no caso do tratamento antigo.

Por mais avançado que fosse o tratamento anterior, as taxas de cura ainda eram mais baixas e os efeitos colaterais, incapacitantes. Fadiga intensa, anemia, queda de cabelo, perda do apetite, náuseas, dores de cabeça, dores musculares e depressão, além de outros tantos, acompanhavam quem tentava se livrar do vírus.

Marta, no entanto, não acredita que a facilidade de cura daqui por diante tornará o vírus da hepatite C algo “banal”.

“Não acho que ele vai ser encarado como uma gripe, simplesmente pelo fato de ser um vírus silencioso e que infecta o fígado, um órgão vital multifuncional. Tiradas todas essas ressalvas, espero que em 10 anos a hepatite C tenha se tornado um problema bem mais controlado do que é hoje”, diz.

A maior parte das infecções, segundo Raymundo Paraná, aconteceu entre as décadas de 70 e 90, por causa das transfusões de sangue contaminado. Até 1994, não havia um teste eficaz que detectasse o vírus no sangue.

“Atualmente estamos diagnosticando pessoas com mais de 20 anos de infecção crônica. São os que mais preocupam”.

Como o vírus danifica o fígado

O vírus entra no corpo por meio contato com sangue contaminado. As portas são abertas por alicates de cutícula, seringas contaminadas, ato sexual desprotegido, tatuagens feitas sem a esterilização correta das agulhas e, no passado, transfusões de sangue sem os devidos testes, hemodiálise, uso de seringas de vidro sem esterilização correta e dentistas que não usavam autoclave.

A partir dessa contaminação, o fígado desenvolve uma infecção aguda. O corpo, no entanto, dá sinais bem parecidos com aquele de gripe ou resfriado, o que torna difícil uma pessoa saber que foi contaminada. Depois dessa fase aguda, ele, silenciosamente, começa a lesionar o órgão. E fica ali por anos. Em alguns casos, a cirrose hepática aparece em poucos anos. Em outros, demora cerca de 20 anos.

Quando os primeiros sinais da doença aparecem, o fígado está muito machucado e, muitas vezes, não há mais o que fazer. Alguns pacientes conseguem um transplante de fígado, enquanto outros não resistem ao tempo de espera pelo órgão compatível.

“Há cirróticos de classe A e B. Alguns têm cirrose classe A, mas têm uma funcionalidade íntegra do fígado. Nesse caso, o medicamento traz uma melhora substancial da doença, e a cirrose pode até regredir”, explica Paraná.

“Já no caso do cirrótico classe B, em que o paciente está em um grau da doença em que se pensa em transplante, dependendo do funcionamento do fígado, o medicamento pode estabilizar a doença e ele não precisar fazer o transplante”.

Em todo o mundo, 160 milhões de pessoas carregam o vírus. No Brasil, estima-se que cerca de dois milhões estão infectados. O exame para detectar o vírus, portanto, é necessário para aqueles que passaram por situações de risco.

“A imensa maioria ainda não foi diagnosticada. Talvez 100 mil pessoas tenham sido. As outras 900 mil estão por aí, sem saber”, preocupa-se Paraná.

http://saúde.ig.com.br/minhasaude/2015-07-28/hepatitecnovo-tratamento-fornecido-pelo-sus-cura-90-dos-casos-entenda.html

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